quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O lado B da questão

O estereótipo da juventude agente da violência
Rafaela Bez

No dia primeiro de julho de 2012, em uma confraternização da Torcida Organizada Fúria Independente, três carros em alta velocidade passam. Inesperadamente, ocupantes do veículo começaram a disparar tiros incansavelmente, em direção deum grupo que estava conversando tranquilamente no local. A rua estava bloqueada. Dos 15 tiros lançados, somente um foi certeiro, aquele que foi disparado na cabeça do irmão do auxiliar de produção,Alisson RaabGonciero. Seu irmão, Diego Henrique RaabGonciero, não resistiu e faleceu. Os noticiários afirmam: morre mais um jovem, apenas mais um. “É impressionante, para a sociedade e a mídia, meu irmão foi apenas mais um. Casos assim tornam a violência exacerbada cada vez mais comum em nosso meio”, afirma Alisson.
A questão da juventude e da violência é debatida pela sociedade de maneira parcial e não leva em conta aspectos estruturais,como o meio em que esses jovens vivem; seus parâmetros sociais, econômicos e familiares. Segundo o sociólogo e colaborador do Centro de Pesquisa e Apoio ao Trabalhador (Cepat), Jonas Jorge da Silva, ao se discutir sobre juventude e criminalidade, deve-se levar em conta, principalmente, a visão que o jovem tem sobre o problema. “De nada adianta discutirmos sobre juventude e criminalidade, sem antes ouvirmos a voz desses jovens. Daqueles que estão calados e ocultos perante a grande massa de informação. Ouvindo-os, o debate será, enfim, verdadeiro”, afirma.

MAPA DA VIOLÊNCIA
De 92 países participantes do ranking de homicídios entre crianças e adolescentes, o Brasil é o 4º colocado. Ao analisar os estados brasileiros, o Paraná ocupa a 9ª colocação, sendo que sua capital é a 6ª mais violenta do país, com uma taxa de 55,9 homicídios para cada 100 mil habitantes. Em dez anos, mais de 526 mil jovens foram exterminados: isso equivale à soma das populações de Piraquara, Pinhais, Fazenda Rio Grande e Colombo, cidades da Região Metropolitana de Curitiba. Homicídio, acidente de trânsito e suicídio. Juntos, esses três fatores são responsáveis por 62,8% das mortes dos jovens brasileiros. Em 2010, 26.854 mil jovens entre 15 e 29 anos, foram vítimas de homicídio, ou seja, 53,5% do total. A chance de um jovem entre 15 e 29 anos morrer é 2,5% mais alta do que um adulto. É o que revela estudo do Ministério da Justiça feito em colaboração com o Instituto Sangari.
Mas, afinal, porque o jovem é visto como causador da violência, sendo que é a maior vítima? “Falta ainda, em nossa sociedade, uma compreensão da juventude: ela não é reconhecida como agente, nem na diversidade de seus grupos atuantes. Precisamos apostar em ações afirmativas e de políticas públicas que contemplem os (as) jovens.As políticas públicas de juventude buscam avançar para além de temas, como violência ou sexualidade e combater o estereótipo que quer criminalizar a juventude”, ressalva o articulador da Casa da Juventude do Paraná(associação sem fins lucrativos de apoio à evangelização da juventude, promoção de vida, inserção social, defesa dos direitos fundamentais e lutas pela efetivação das políticas públicas para a juventude),Geraldo Paulo Pires.
A juventude que morre hoje tem um perfil, sabe-se que sexo ela tem, de onde vem e onde mora. Ojovem exterminado hoje é negro, do sexo masculino e morador da periferia. Em dados, 74,6% dos jovens assassinados são negros, e 91,3% das vítimas de homicídio são do sexo masculino. “A juventude está sendo exterminada. A maioria dos jovens não está morrendo mais devido a fatores naturais, estão morrendo devido às drogas, as armas e os acidentes de trânsito”, ressalta Pires.
É difícil pensar em uma realidade comum entre os jovens, já que a juventude tem consigo a diversidade e as diferentes formas de expressão. “Um dos fatores em comum entre a juventude é a criminalização do jovem. Um jovem que comete delitos é julgado como marginal, mesmo se não conhecesse sua realidade e os fatores que o levaram a incumbir tal ato”, diz a advogada Tailaine Cristina Costa.

“A sociedade vive hoje uma realidade individualista, sendo que esse individualismo leva as pessoas ao desequilíbrio”, afirma Pires. Segundo sociólogos, a cultura da paz deve ser construída com o jovem, e não para o jovem. “A cultura do bem-viver nada mais é do que debater questões e conhecer o lado da juventude, sabendo suas necessidades e o que ela faz”. A cultura da paz é uma cultura pouco debatida e é uma maneira de se viver integrado com as pessoas e com o espaço em que se vive. Uma cultura em que não se aprenda a revidar, mas sim, a dialogar com as pessoas, estabelecendo assim, uma relação mais harmônica com o meio.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

CEBI-RN: “Um país na reconstrução de sua juventude” (seminário)

O CEBI Rio Grande do Norte, promoveu entre os dias 23 a 25 de agosto o Seminário Bíblia e Juventudes, na Cidade de Parnamirim/RN, com o tema: "UM PAÍS NA RECONSTRUÇÃO DE SUA JUVENTUDE". Contamos com a presença de 36 pessoas, sendo a maioria jovens. A assessoria foi de Nael Palhares do CEBI/RN e Janeide Lavor do CEBI/AM e Representante do Conselho Nacional.
Realizamos uma analise de conjuntura dos principais acontecimentos políticos, sociais e religiosos dos quais os jovens participaram ao longo de décadas desde a segunda guerra mundial até os dias de hoje. Fizemos isso embalados/as por músicas que acompanharam esses períodos.
Realizamos reflexões acerca do texto de Is 6,5-8 e de outros. A partir das discussões desenvolvidas nos trabalhos de grupos, tivemos a oficina de reconstrução do texto e de letras de músicas que motivaram as juventudes brasileiras.
Foi um momento riquíssimo de fortalecimento, troca saberes e experiências. Saímos com o compromisso de animarmos cada vez mais nossas juventudes do Rio Grande do Norte através de momentos como este.  

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Lançamento de Livro: "O que sonhamos com Deus?"



Juventudes: O que sonhamos com Deus?

Daniel Sousa (Org.)

Juventudes: O que sonhamos com Deus?Este livro é uma proposta de encontros e estudos bíblicos sobre as realidades de muitas juventudes. São textos que nascem de nossas inquietações contextuais, reinterpretando nossos sonhos, imaginações e desejos. Escolhemos como título Juventudes: o que sonhamos com Deus? A intenção é sinalizar uma compressão de nossa relação com Deus por meio da comunhão irmanada de uma ciranda, e não de uma relação vertical de dominação. 
Código: PNV307
Editora: CEBI
ISBN: 9788577331932
Número de páginas: 45

R$ 6,20
à vista
+ despesa de remessa

Compras pelo site: http://cebi.org.br/publicacoes-produto.php?produtoId=553 

terça-feira, 25 de junho de 2013

CEBI-RS - "Quem tá na rua é pra..."

E o caldeirão, ou melhor, a panela de pressão popular está em ebulição. O movimento que começou com jovens estudantes (cabe aqui o reconhecimento, já que eles sempre são vistos como irresponsáveis ou desinteressados), devido ao aumento das passagens de ônibus, foi o estopim de uma série de protestos por todo o Brasil. Dizem que o gigante deitado em berço esplêndido finalmente acordou. Deve ser verdade, pois parece movimentar-se de modo bem desorientado, como quem acabou de sair da cama. Os gritos da rua são fortes, mas dispersos, cada manifestante expressando o sentimento que lhe convém, sem um tema comum que dê sentido aos protestos. Sobra vontade de lutar, falta um elo norteador.
 
O terreno é fértil para manipuladores. Grupos organizados, especialistas em manter a população sob controle, foram aos poucos se infiltrando, fazendo muito barulho e, aproveitando-se de um cenário real de injustiça e corrupção (existentes desde sempre, apesar da extrema-direita insistir que tenham sido inventadas pelo PT), tornaram gradualmente uníssono um desejo: “Fora, Dilma!” É a tentativa de reproduzir o movimento dos caras-pintadas, que culminou no impeachment do Collor. Lutam por tirar as bandeiras esquerdistas de cena, alegando que as manifestações devem ser apartidárias, mas fazem convenientemente o jogo da oposição ao Governo Federal. Isso é tão óbvio que chega a ser impressionante como a maioria dos participantes não percebe e entra no embalo.
 
Há dois meses, dois encontros de Bíblia e Juventudes – um em São Leopoldo, outro em Santana do Livramento – falavam também de um povo que clamava no deserto. Estávamos, ainda, sob os efeitos dolorosos da tragédia em Santa Maria. Líamos com grande expectativa o primeiro capítulo do Evangelho de Marcos. O povo indo atrás de João Batista, buscando o seu batismo como alternativa aos ritos purificantes (e excludentes) do Templo em Jerusalém. Jesus sendo batizado e recebendo sua missão no Rio Jordão. A formação do primeiro grupo de discípulos, a prisão de João e o início da missão de Cristo. É inevitável comparar aquelas reflexões ao que está acontecendo agora.
  
São Leopoldo, 6 e 7 de abril de 2013
 
Cada encontro tratou de um tema diferente. O de São Léo falou sobre Políticas Públicas para a Juventude. Em Livramento, onde os participantes estavam notavelmente mais sensibilizados com a tragédia da Boate Kiss, já que lá perderam parentes e amigos, o assunto foi o cuidado com a vida e a construção de relações solidárias. O pano de fundo em ambos, porém, era a violência e o extermínio de jovens. Por isso, percebendo que, conforme Mc 1,14, Jesus abraçara sua missão somente após a prisão de João Batista, perguntávamos: “Que Joões ainda precisam ser presos, isto é, o que falta acontecer para tomarmos uma atitude?” O questionamento foi um senhor chacoalhão para os participantes, que se sentiam acomodados. Entretanto, nem a previsão mais otimista daria conta de que, sessenta dias depois, o povo tomaria as ruas.
  
Santana do Livramento, 13 de abril de 2013
  
A coincidência dos fatos é tão grande que, certamente, muitos dos presentes aos encontros lançaram-se porta afora, certos de que o momento havia chegado. Porém, é preciso calma e muito discernimento para não sermos arrastados pelas primeiras impressões. Os mais atentos provavelmente se lembraram de duas coisas:
 
1º) Qual a missão de Jesus e de que fonte Ele a recebeu? Os versículos 11 e 12 de Marcos são retirados de Is 42,1, onde se lê: “Vejam o meu servo, (...) nele tenho o meu agrado. Eu coloquei sobre ele o meu espírito, para que promova o direito entre as nações”. Ora, o direito, segundo o mesmo Isaías, era fazer justiça aos pobres (órfãos, viúvas, estrangeiros etc.). Hoje, quem são os pobres e quem está a favor deles? Que dizem essas pessoas ou grupos sobre as manifestações? Eles tomam parte nisso? De que forma? Essa última questão nos remete ao segundo ponto, que é...
 
2º) De que maneira Jesus organizou sua revolução? As pessoas punham seus camelos na estrada e protestavam contra tudo e contra todos? Parece que não... Primeiro, o Nazareno anunciou a chegada de um novo tempo e exigiu mudança de atitude (v.15). Depois, formou grupos pequenos (vv. 16 a 20). Por fim, demonstrou que o espírito do grupo deveria ser de doação e serviço ao próximo (v. 21 em diante).
 
Por mais que as massas o procurassem – e Ele dedicasse algum tempo a atendê-las – Jesus sempre recusou a popularidade fácil (vv. 35 a 39). Ele sabia que multidão desordenada logo vira rebanho, ajuntamento sem capacidade de reflexão, guiado apenas pelo cajado de um pastor. Organizando seus seguidores em pequenos grupos (como os doze apóstolos, o círculo de mulheres, o núcleo de Betânia etc.), em apenas três anos, Cristo mudou definitivamente o mundo.
 
Pensando agora, sob esse novo olhar, será que fazem tanto sentido assim essas manifestações? Pelo que estamos lutando mesmo? O gigante acordou? Que gigante é esse? Será um monstro devorador de criancinhas? Em São Paulo, prefeito e governador disseram que baixaram as passagens, mas terão que subir outros impostos (PT e PSDB juntos... fim dos tempos?). Abasteci hoje meu carro e fui surpreendido com o aumento de R$ 0,20/litro da gasolina. Será que o gigante põe medo em nossas autoridades? Sabemos exatamente o que queremos? Estamos atingindo nossos objetivos assim? Haveria outra forma? O que isso exigiria de nós? Estamos dispostos?
 
O caminho é longo e não se resolve em alguns confrontos com a polícia militar. O lado bom é que, de uma hora para outra, todos se interessaram por assuntos como o funcionamento dos impostos, os royalties do pré-sal, a tal de PEC 37... Os movimentos sociais estão com a faca e o queijo na mão. Esta é a nossa melhor chance de mobilizar a nação. Vamos para as ruas, sim, mas de forma organizada. Lutemos para que o Brasil realmente seja de todas e de todos.
 
*Escrito por: José Luiz Possato Jr.
Extraído de: http://opedaletra.blogspot.com.br/2013/06/quem-ta-na-rua-e-pra.html

CEBI-PR: "E a casa toda se encheu de perfume!"

Sexta-feira, 31 de maio de 2013 - 14h30min

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Juventude Discípula Amada! Foi esse o tema do encontro organizado pelo CEBI em parceria com a Pastoral da Juventude da ICAR da região de Medianeira e Foz do Iguaçu, no Paraná, no mês de maio. Durante um final de semana, 42 jovens de diversas cidades da região falaram de seus desafios e suas conquistas à luz dos textos do Evangelho de João.
Lembrando inicialmente o túmulo de Lázaro ("é o quarto dia, já cheira mal" - João 11,39), o grupo partilhou os "cheiros ruins" que se fazem presentes na vida da juventude: do cheiro de chulé ao cheiro de igreja envelhecida... do cheiro de "segunda-feira" ao cheiro de cemitério (quanto extermínio de jovens!). Gradativamente, reconhecendo as misturas dos cheiros, o grupo caminhou com Maria de Betânea: "E a casa toda se encheu de perfume" (Jo 12,3). E conheceu Maria de Magdala, a amada em busca do amado na madrugada da ressurreição. Depois de encontrar Jesus no novo jardim, também foi espalhar o perfume: Eu vi o senhor! (João 20,18).
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Com muita festa, teatro e dramatização, com momentos de silêncio pessoal, oração e estudo, foi possível tratar de assuntos pertinentes à realidade juvenil. Mereceu destaque a crítica às propostas de redução da maioridade penal e um sincero debate sobre a necessidade da descriminalização do aborto, para que vidas de jovens e fetos sejam salvos. O tema não pode ser tratado como tema de polícia, mas como tema de saúde pública e de compromisso cristão!
O grupo de Itaipulândia assim se referiu ao encontro: "Foi muito rico. Trabalhos em grupos, apresentação de teatros, dinâmica e muita música. Discutimos também sobre questões sociais, como protagonismo feminino, machismo, aborto, homossexualidade. Foi uma experiência única, contribuindo para valorizar as relações entre os participantes, conhecendo outras realidades e novas formas de evangelizar''.
O encontro foi assessorado por Edmilson Schinelo, de Campo Grande/MS.

CEBI-MS: Juventude em Coxim - "é bom saber que podemos questionar"

Quinta-feira, 16 de maio de 2013 - 20h39min

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Jovens da Pastoral da Juventude da diocese católica de Coxim/MS encontraram-se para mais um momento de vivência e partilha de saberes e aprendizado, na 7ª Escola de Coordenadoras e Coordenadores.
Tendo como tema central Mística e Evangelização, o caminho percorrido foi conhecer e experienciar espiritualidade e relação com o sagrado, na busca da "descoberta" de quem é Deus. Nessa caminhada, pelas manhãs, o grupo orou com o Ofício Divino da Juventude, acolhido pela bela natureza que o Centro Emaús oferece. Na noite de sábado, foi propiciada uma vivência em vigília, ao encontro com Jesus Cristo.
O grupo foi convidado a assistir o filme Aventuras de Pi. Ao final, fez-se uma bela e inspiradora partilha do que havia de comum entre o que filme apresentou e o que construímos sobre espiritualidade, Deus, Jesus Cristo, religião:
- Deus cuida, nos dá sinal;
- Deus se revela;
- às vezes somos testados/as por Deus, mas não percebemos;
- o nome é algo sagrado;
- sagrado e respeito: diferente não é quem é certo ou errado;
- respeito à(s) religião(ões) com o/a outro/a;
- espiritualidade - fé - ação: fazer o caminho, construir junto - espiritualidade e ação;
- experiência - cada pessoa faz a sua, sente, reflete e caminha;
- precisamos da vivência para conhecer o/a outro/a;
- podemos perguntar, questionar Deus, assim acontece a relação: é bom saber que podemos questionar.
Essa vivência trouxe um sopro suave e agradável de descobertas, que estão sendo agora saboreadas dia a dia de cada participante, com o grupo, consigo e com Deus.
Luciene e Amarildo contribuíram na construção desse caminho nos dias 26,27 e 28 de abril de 2013, no Centro Emaús, em Coxim.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Conheça o Cajueiro!


Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude, uma associação de profissionais de vários campos do conhecimento, que prestam serviços de formação, Assessoria e Pesquisa às organizações juvenis, aos jovens e seus educadores/as. Atua na defesa de direitos, controle das políticas públicas. O Centro iniciou oficialmente no mês de março de 2013. Porém, reúne uma equipe de pessoas que trabalham, por muitos anos, neste serviço à juventude empobrecida.


Quer saber mais? Acesse o blog: http://cajueirocerrado.blogspot.com.br/

Curta a página no Facebook e fique por dentro de tudo: http://www.facebook.com/centrocajueiro?fref=ts

Cajueiro - Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude.

terça-feira, 19 de março de 2013

REJU-CO tem novo facilitador


A REJU - em seu processo de renovação e empoderamento de novas lideranças - terá um novo facilitador no Centro-Oeste. Será João Paulo Pucinelli, que substitui o jovem Lucas Correia, ligado à Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), que contribuiu de maneira significativa para o fortalecimento e ampliação da rede na região.
Neste processo de transição, João Pucinelli afirmou: “que bom, dançar de pés descalços neste solo sagrado que são as vidas e os sonhos das juventudes esta ciranda aberta da Divina Sabedoria-Sofia, que é a REJU. Tecer redes de bem querer é a minha inspiração pessoal-comunitária para este ano. Estar na REJU é assumir uma vocação de serviço às juventudes, as empobrecidas/os, as grandes causas da vida, ao ecumenismo e o diálogo aberto com todas as vidas pulsantes, que nos joga para a utopia do reino (de todos os deuses, nas diversidades e possibilidades da vida, que se faz). Eu, um canceriano bem ao estilo a flor da pele.. Estou desejoso, de tecer laços com pessoas queridas, de pautar os direitos da juventude e de viver o ecumenismo e o respeito ao diferente como imperativo da vida, no desejo de que a vida da juventude, seja sempre mais vida.. A Juventude Quer Viver”.

Quem é João Paulo Pucinelli?
Cristão de tradição Católica Apostólica Romana. Nascido nas Comunidades Eclesiais de Base, foi animador e assessor paroquial das CEBs. Militou na Pastoral da Juventude, nas funções de coordenação de grupo de base, paróquia, região pastoral, diocese e regional da CNBB.  Atuou na Pastoral Litúrgica e no Movimento Fé e Politica, da ICAR na Diocese de Ipameri.
Atualmente mora em Goiânia/GO. Trabalha na Casa da Juventude Padre Burnier, onde atuou na Coordenação dos Projetos: “Juventude e Politicais Publicas” e “Juventude e Economia Solidária” e atualmente é educador em direitos humanos, do Centro de Referencia em Diretos Humanos João Bosco Burnier, um convênio da Casa da Juventude com a Secretária de Direitos Humanos da Presidência da Republica.
Atua no Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, na coordenação estadual (Goiás) e Centro Oeste e na assessoria bíblica, com ênfase nas temáticas: hermenêuticas juvenis, formação de Israel e metodologia da leitura popular da bíblia.
Colabora no Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude, nos projetos de formação politica e economia solidaria. Integrante do Fórum do Grito dos/as Excluídos, da Rede A Juventude Quer Viver e da Rede de Educação Cidadã.
Autor do subsidio “7 Vivenciais na Mística de Nazaré (volume 1) e Belém(volume 2)”, uma publicação virtual do Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude e co-autor da “Coleção Caminhos: Juventude e Economia Solidária – Oficinas de Formação”, da Editora CAJU, dentre outros artigos e textos nas temáticas de economia solidaria, juventude, bíblia e espiritualidade.

Por Daniel Souza

terça-feira, 12 de março de 2013

Jovens refletem sobre sua missão durante o carnaval


Nos dias 08-12 de fevereiro, jovens dos municípios que formam a Região do Munim se reuniram na Comunidade de Timbó/Morros, no XXII Retiro de Carnaval dos jovens desta região. O Tema Geral: EIS-ME AQUI, ENVIA-ME (Is 6,8), no decorrer destes dias foi aprofundado através de vários subtemas, entre eles: A Missão dos Jovens no Seguimento/Discipulado de Jesus Cristo. Este tema teve como facilitadora a Conceição Costa, que faz parte do CEBI no Maranhão.

A partir dos textos de João, acompanhamos os passos da comunidade joanina buscando descobrir os passos destas seguidoras e seguidores no crescimento do compromisso com o projeto de vida através do aprendizado na vivência de relações solidárias e de igualdade.

Para melhor compreensão dos textos foi feita uma explanação do contexto em que se deu a redação final do Evangelho de João por volta dos anos 85 a 90 e os problemas enfrentados por esta comunidade. A Lei do sábado, a lei do puro e impuro, a expulsão dos judeus cristãos das sinagogas e a perseguição e cobrança de impostos por parte do império romano tornava a vida cada vez mais insustentável, por isso muitos cristãos também estavam deixando a comunidade. Os textos que nortearam esta reflexão foram os seguintes:

 João 1,35-39
·         Quais as características do chamado presente no texto?
·         Que tipo de chamado Jesus representou para estes jovens que seguiam João Batista?
 João 9,1-34
·         Como o seguimento de Jesus pode nos ajudar a superar os                                      preconceitos que existem entre nós?
·         De que tipo de cegueira precisamos nos libertar para sermos verdadeiras/os seguidoras/es e discípulas/os de Jesus?
·         O que fazemos em favor das pessoas que necessitam de solidariedade, das pessoas portadoras de deficiência em nossa casa, em nossa comunidade?

 João 13,1-17
·         O que este texto nos ensina sobre o discipulado de Jesus?
·         Como na nossa realidade podemos colocar em prática os ensinamentos de Jesus?

João 15,1-17
·         Na família, na comunidade, no trabalho, na cidade, nós conhecemos pessoas que sofrem por causa do serviço da justiça e da solidariedade?
·         A partir do testemunho da Comunidade Joanina o que precisamos fazer para continuar unidas/os a Jesus Cristo?

 João 20,11-18
·         O que fez Maria Madalena encontrar o Senhor?
·         O que Jesus pede para Maria Madalena fazer?
·         Quais os gestos e atitudes de exclusão presente em nossa sociedade que praticamos contra as mulheres e que as impedem de fazer uma verdadeira experiência de ressurreição?

A partir destes textos refletimos sobre as características do seguimento que define o discipulado presente no vinde e vede, bem como a superação dos preconceitos que foram alguns desafios mencionados pelos jovens nos dias de hoje principalmente no que se refere aos jovens que se envolveram no mundo das drogas, ou que usam tatuagem, jovens homossexuais, etc. que sofrem discriminação e exclusão.  O ensinamento de Jesus que ajudou a comunidade joanina a olhar pra prática de Jesus e fazer a descoberta de que só na vivência da solidariedade e da humildade estão os verdadeiros valores a serem resgatados na vivência de novas relações que fortalece os laços de amizade e compromisso na luta pela justiça no amor ao próximo de amar até o fim a ponto de doar a própria vida.  Por fim, a perseverança e fidelidade de quem não se conforma com a morte, com o fim. A missão recebida por Maria Madalena de ir anunciar a Ressurreição de Jesus (Jo 20,17-18), estendeu-se a todos nós ali presentes como forte apelo para continuar com a nossa vida o anúncio da Ressurreição e assim no final do dia a exemplo do envio dado a Maria Madalena por Jesus, todos foram enviados a sair e visitar cada família do povoado que abriu suas portas pra nos acolher nestes dias de oração e reflexão.

sexta-feira, 1 de março de 2013

CEBI VIRTUAL: Bíblia e Hermenêuticas Juvenis


Nesta sexta-feira, dia 1º de março, está começando mais um curso oferecido pelo CEBI na modalidade Virtual EAD. É um curso de Bíblia e Hermenêuticas Juvenis com duração de cinco meses e a participação de 155 pessoas.

O objetivo do curso é promover a leitura popular da Bíblia com os/as jovens na modalidade de Educação à Distância Virtual, bem como oferecer elementos para que os/as jovens atualizem essa leitura desde sua própria perspectiva. O curso é direcionado, preferencialmente, a jovens entre 15 e 29 anos que se interessem em refletir sua realidade à luz da Palavra de Deus.

Os cinco módulos terão como foco o exercício de hermenêuticas a partir das juventudes e, com os respectivos autores, estão assim distribuídos:
·         Introdução: Leitura Popular da Bíblia e Hermenêuticas Juvenis (Mercedes de Budallés Diez);
·         Evangelho de Marcos: Saúde e Violência (Paulo Ueti Barasioli);
·         Evangelho de Mateus: Relações e Conflitos Raciais (Simone Furquim Guimarães);
·         Evangelho de Lucas: Relações de Gênero e Ambientais (Sônia Mota e Romi Márcia Bencke);
·         Evangelho de João: Fundamentalismos e Diálogo Inter-religioso (Márcio Simão de Vasconcellos e Kenner Terra).

A coordenação e secretaria do curso estão nas mãos de Vanildes Gonçalves dos Santos e Paulo Ueti Barasioli (Brasília/DF), bem como de Anderson Roberto Deizepe (Presidente Prudente/SP) e Alberto Massao Katsuta (Mirassol/SP).

As pessoas participantes serão acompanhadas por uma equipe de facilitadoras/es, da qual fazem parte Simone Furquim Guimarães (Samambaia/DF), Maria de Fátima Castelan (Vitória/ES), Ana Selma Costa e Maria de Fátima Alves (Fortaleza/CE), José Josélio da Silva e Izaías Torquato da Silva (Recife/PE), Lucas Rinaldini e Giovane Aparecido Machado (Birigui/SP).

“A semente vai brotando e crescendo...” (Marcos 4,27)

Site: http://www.cebivirtual.com.br/site/

domingo, 24 de fevereiro de 2013

5ª Semana Social Brasileira


grito

“Juventude que ousa lutar, constrói o projeto popular” é o lema do 19º Grito dos Excluídos


Durante a tarde de hoje, 21, em São Paulo, a coordenação do Grito dos Excluídos acolhendo as sugestões de vários grupos, comunidades, dioceses, movimentos, sindicatos, definiu o lema da 19º edição do Grito dos Excluídos: Juventude que ousa lutar constrói o projeto popular.
O Próximo encontro nacional dos articuladores e articuladoras do Grito acontecerá nos dias 26 a 28 de abril , em São Paulo.
O que é o Grito dos Excluídos?
É uma manifestação popular carregada de simbolismo, é um espaço de animação e profecia, sempre aberto e plural de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos. Constitui-se numa mobilização com três sentidos: Denunciar o modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social; Tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome; Propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os cidadãos.
É realizado em um conjunto de manifestações realizadas no Dia da Pátria, 7 de setembro, tentando chamar à atenção da sociedade para as condições de crescente exclusão social na sociedade brasileira. Não é um movimento nem uma campanha, mas um espaço de participação livre e popular, em que os próprios excluídos, junto com os movimentos e entidades que os defendem, trazem à luz o protesto oculto nos esconderijos da sociedade e, ao mesmo tempo, o anseio por mudanças. As atividades são as mais variadas: atos públicos, romarias, celebrações especiais, seminários e cursos de reflexão, blocos na rua, caminhadas, teatro, música, dança, feiras de economia solidária, acampamentos – e se estendem por todo o território nacional.
Semana Social e Grito dos Excluídos
O Grito é parte do processo da 5ª Semana Social Brasileira e no ano passado trouxe o lema: Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população!
Sobre a participação da juventude a coordenação nacional da 5ª Semana Social Brasileira (SSB) divulgou na última sexta-feira, 15, um vídeo com o objetivo de mostrar como os jovens brasileiros podem se mobilizar no debate do tema “O Estado para quê e para quem?”
Informações             [11] 2272-0627      , ou acesse www.gritodosexcluidos.org

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

CEBI-GO: Surpresa pelo fim da Leitura Popular da Bíblia na CAJU


Em carta dirigida à Congregação dos Jesuítas (ICAR), a coordenação do CEBI-GO se diz surpresa com a extinção dos projetos de Leitura Popular da Bíblia até então desenvolvidos pela CAJU - Casa da Juventude de Goiânia.
Eis o documento.
"A Sabedoria construiu Sua casa, ela ergueu suas sete colunas.
Ela abateu Seus animais, ela misturou Seu vinho,
ela pôs também Sua mesa.
Ela enviou suas ministras para chamar desde os lugares mais altos da cidade...
Vinde comer do pão e beber do vinho que eu misturei.
Deixai a imaturidade e vivei, e andai no caminho da Sabedoria"
(Provérbios 9, 1-3.5-6)
À Juventude, à Companhia de Jesus e a todo o Povo de Deus a caminho,
A paz do Senhor!
Somos o Centro de Estudos Bíblicos - o CEBI, uma organização ecumênica formada por mulheres e homens crentes na Palavra de Deus, que buscam com paixão e rebeldia, gerar libertação e bem viver, pelos caminhos que percorrem. Em Goiás, celebramos 30 anos de Resistências, Sonhos e Utopia. Numa rede de parceiras e bem querer, construímos juntos/as, "outro mundo possível" - o reino de Deus, no cerrado brasileiro, com arte, beleza e mistério. A nossa história, a nossa caminhada no Seguimento a Jesus, está entrelaçada com o caminho percorrido pela Casa da Juventude Padre Burnier, que assim como nós há 30 anos tem sua tenda armada junto à juventude e aos pobres.
Vivenciamos muitas histórias, projetos, alegrias e dores juntos/as, ao longo destas três décadas de serviço as comunidades, nossas gentes se misturaram varias vezes, sendo gente do CEBI, sendo gente da CAJU, do MST, das CEBs, da PJ... Gestamos juntos/as um projeto que cresceu, cresceu tanto que virou uma referência para o Brasil e a América Latina, as Escolas Bíblicas com Jovens, uma experiência que junto aos grupos juvenis, buscam hermenêuticas juvenis que gerem vida, libertação, bem viver. Celebramos juntos, nossos 20 anos de caminha, no re-encantar a esperança. Realizamos seminários, aprofundamentos, assessorias juntos/as em vários momentos ao longo destes anos, mas sobretudo comemos e bebemos nossa utopia juntos/as.
Ao iniciarmos um novo ano de trabalho, um ano de celebrar 30 anos do CEBI-GO, um ano dedicado pela Igreja Católica de Roma - o ano da Fé, de visita do bispo de Roma ao Brasil, de jornada mundial da juventude, de campanha da fraternidade sobre juventude, de desejo da articulação da juventude ecumênica em Goiás, de abertura das comemorações dos 30 anos da CAJU, fomos surpreendidos pela notícia que a CAJU não continuaria o serviço de leitura popular da bíblia, bem como com nenhum dos projetos de Pastoral, Formação Política, Pesquisa e Publicação, Assessorias. A noticia foi para nós assustadora e um tempo de adentrar os desertos da vida, para entender quais são os sinais do Libertador para nós. Sendo homens e mulheres da palavra, rezamos a tradição bíblica, o Êxodo, as parteiras hebreias que agem com astúcia na defesa da vida, numa realidade de extermínio dos mais jovens, desobedecem a ordem do faraó.
Escrevemos esta carta fraterna à Companhia de Jesus, à Juventude e a todo o Povo de Deus, para dizer que assim como caminhamos ao longo destes 30 anos junto aos homens e mulheres que construíram a CAJU com mãos cuidadoras e proféticas, continuaremos juntos/as com os/as leigos/as, religiosos/as, Congregações, movimentos sociais...Que construirão nova morada, nova casa/CAJU Assessoria , dando assim continuidade aos projetos e ao apoio aos/as jovens de todo o Brasil, entrelaçando cada vez mais nossos "sonhos, resistências e utopias", neste chão goiano. À Companhia de Jesus, desejamos que siga seu caminho no seguimento a Jesus, que não perca de vista o testemunho de sto Inácio, pe.Hurtado, pe. Jon Sobrino, pe. Burnier - mártir da caminhada, dom Luciano Mendes, pe. Alabano Trinks, pe. Roberto Albuquerque, pe. Hilário Dick, pe. Geraldo, pe.José Garcia Neto, pe. Brandão e tantos outros que nesses 30 anos foram presença e inspiração inaciana do Amor e Serviço à Juventude, ao Povo de Deus, sigamos no caminho sendo igreja dos pobres, com paixão e compromisso.
Unindo nossa voz à voz das juventudes de todo o Brasil, gritamos e afirmamos como fizemos nesses 30 anos que hoje e sempre a CAJU somos todos/as nós.
As bênçãos do Deus da Caminhada, sempre solidário e do lado dos pobres.

Fonte: http://cebi.org.br/noticia.php?secaoId=2&noticiaId=3705

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O caminho aponta para Betânia


“Seis dias antes da páscoa, Jesus foi para Betânia. Na casa, Maria levou perfume de nardo puro e ungiu com ele os pés de Jesus”. [João 12, 1.3]

Somos Igreja Jovem. Somos Pastorais da Juventude. Somos o Povo de Deus. Somos seguidores/as de Jesus. E como Povo Deus estamos a caminho. Estamos a caminho seguindo Jesus. Estamos a caminho, assumindo a vida da juventude na perspectiva do discipulado e da missão. Estamos a caminho no compromisso com a vida da juventude. Estamos a caminho, no desejo de revitalizar a fortalecer a ação eclesial/pastoral com os/as jovens.

Desde o nosso chão, nossa Pátria Grande - América Latina, seguimos na fidelidade ao projeto de Jesus e aos/às jovens. Essa caminhada rumo ao Horizonte já percorreu um longo caminho através de muitos anos nos quais a Pastoral da Juventude serviu e serve aos/às jovens. Essa caminhada tem marcas profundas em nossa Latino-América e na vida da juventude. Esse caminho em busca de construir no hoje e no agora a Civilização do Amor nos últimos anos nos levou a optar a ir com Jesus e com os/as jovens para Jerusalém. Com Ele seguimos decididamente para Jerusalém.

O caminho para Jerusalém, na fidelidade a vontade do Pai, é um longo caminho. Caminho de discipulado e missão. Caminho de serviço, escuta e discernimento. Caminho de compromisso e causa. Caminho de aprendizado e doação. Por isso, mesmo, com os/as jovens e com Jesus, partimos de Emáus, passamos por Belém, residimos em Nazaré e agora chegamos em Betânia.

Betânia, casa dos pobres. Casa de amigos/as. Casa de escuta. Casa de silêncio, choro, dor. Casa de partilha. Casa de cuidado. Casa de humanidade. Casa de ressurreição. Casa de dar a vida, de resgatar a vida. Casa de ir ao encontro. Casa de amor e doação. Casa de unção e envio. Casa de cultivo e de alimento pra missão. Casa de festejar a vida. Casa de comer e beber. Casa de desafio. Casa que exala perfume. Casa de coragem e profecia. Casa que nos inquieta e desafia. Casa de encarar o mau cheiro e a podridão, no compromisso com a vida. Casa...

Betânia é casa que nos acolhe e recebe. É casa que nos envia. É casa que queremos habitar com Jesus e com os/as jovens neste caminho de compromisso com o Reino, rumo a Jerusalém. Casa onde nos encontraremos com o Senhor e com os/as jovens neste ano de 2013. Casa que nos envia e fortalece no amor e no serviço à juventude.

Casa que nos acolhe neste tempo. Casa que nos fortalece e nos provoca a fortalecer a opção preferencial pelos jovens, pelos pobres. Casa que nos motiva e inspira neste ano de Campanha da Fraternidade sobre juventude. Casa que nos provoca e nos alimenta neste ano de Jornada Mundial da Juventude. Casa que nos fortalece e nos envia no amor e no serviço aos/às jovens de nosso Continente.

Queremos refletir, pensar e rezar sobre essa Casa, essas Casas... Sobre Betânia. E já no inicio deste caminho somos provocados pela realidade que nos interpela. A CAJU, Casa da Juventude Pe. Burnier, instituto de formação, pesquisa e assessoria em juventude, que durante 29 anos prestou um grande serviço à juventude e à Pastoral da Juventude, fechou. Dos 28 cursos e serviços prestados, funcionarão neste ano apenas 5. É uma Betânia que se fecha pra muitos jovens. É uma Betânia que marcou nossas vidas e a vida de milhares de jovens e assessores/as que por lá passaram ou tiveram contato através de muitos materiais, subsídios, formações, serviços e assessorias. Estamos unidos/as a todos/as que fizeram a história dessa Casa, dessa Betânia. E com eles/as seguimos firmes no compromisso com a vida da juventude.

O ano igualmente começou com uma triste fatalidade. Mais de 230 jovens foram mortos e outras centenas ficaram feridos/as em um incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria/RS. Muitas vidas ceifadas. Muitos sonhos, projetos de vida, desejos e vidas interrompidas abruptamente. A Pastoral da Juventude escreveu uma nota, que fazemos nossa. Diz a PJ e nós com ela: “Diante da morte não podemos nos calar. Não podemos aceitar que a morte tenha a última palavra. Aprendemos a ter esta postura por meio do seguimento a Jesus Cristo, o Jovem de Nazaré. Que a memória desses jovens falecidos/as e feridos/as nos comprometa sempre mais com a vida da juventude, em especial com os/as que mais sofrem e estão à margem da sociedade. Gastemos nossas vidas no cuidado, no serviço e no amor incondicional à juventude. Na Páscoa de Cristo temos a certeza que a morte não tem a última palavra, por isso, apesar da dor e da tristeza, sigamos, juntos/as, no compromisso com a vida da juventude.” Que este ano de Betânia que começa com essa triste fatalidade nos comprometa sempre mais com a vida da juventude. Que possamos, “apesar da dor e da tristeza, seguirmos juntos/as, no compromisso com a vida da juventude.” Estamos unidos/as e solidários com os/as feridos/as e com as famílias das vítimas. Desejamos sempre mais gastar a vida pela vida da juventude.

Casa que quer nos acolher. Casa que acolhe Jesus, seus amigos/as. Casa que acolhe os/as jovens de nossa Pátria Grande. Casa onde somos convidados a partilhar e conhecer neste ano. Vamos juntos/as viver Betânia, com os/as jovens e com Jesus, na causa do Reino?

Desde Betânia, sintamos o perfume que brota do encontro com o Mestre e com a Juventude. E exalemos esse perfume de vida e esperança por todos os cantos....

Pe. Maicon André Malacarne – Assessor da PJ na Diocese de Erexim
Luis Duarte Vieira – Militante da PJ e noviço admitido à Companhia de Jesus

SANTA MARIA: HORA DA PROFECIA


Santa Maria/RS, 27 de janeiro de 2013. Ninguém irá se esquecer dessa data tão cedo! Quer dizer... é o que se espera! Mais de 230 mortes desnecessárias e perfeitamente evitáveis. Mas... por que aconteceram?

Sabem que, apesar de comovido, eu não havia pensado no assunto a fundo ainda. Mas hoje, vendo minha esposa chorar, percebi o quanto somos acomodados e alienados. Em seu desabafo, pura denúncia profética: “Todo mundo crucificando o gurizinho (sim, ele também é um jovenzinho) que iniciou o incêndio, mas ninguém fica revoltado com o funcionário público preguiçoso ou corrupto (e, aqui, não estamos falando de todos, mas de uma parcela que, de fato, o é) que faz vistas grossas para o alvará vencido, ou assina uma licença sem saber o que, de fato, está assinando! Ninguém se lembra do bombeiro que não interditou um lugar sem as mínimas condições de segurança! Cambada de hipócrita! São muito mais culpados do que os músicos, que, no fim das contas, queriam só divertir a turma”.

Ouvi tudo calado. Não chorei, mas devo ter corado de vergonha. Até então, tudo o que eu tinha lido/ouvido a respeito se limitava a cartinhas de solidariedade, reflexões sobre o que a morte e a dor teriam a nos ensinar, além de análises muito supérfluas, sempre buscando culpados entre os que estavam na boate naquela noite. O que mais me irritou foi um texto falando que Deus quis fazer uma festa(?) no Céu e, por isso, levou a gurizada, deixando-nos na saudade. Ora, a quem poderia servir esse tipo de pensamento? Foi Vontade de Deus, então!? Mas que bando de covardes somos nós! Enquanto culpamos Deus, os verdadeiros responsáveis continuam decidindo nossas vidas.

Meu Deus, que ótima oportunidade de sermos profetas de verdade! Ok, as cartinhas de solidariedade são legais, demonstram nosso interesse (ou o tamanho dele, pelo menos)... Mas cadê a coragem de denunciar todo um sistema responsável pelo extermínio de jovens? Esses morreram asfixiados ou queimados, mas quantos morrem lentamente, com “pílulas coloridas” amplamente distribuídas nas raves? Quantos morrem lentamente, todos os dias, embaixo de um viaduto, aparentemente invisíveis? Esses mesmos, que morreram em Santa Maria, teriam sido vítimas de um suborninho aqui, uma propininha ali, essas coisas que “agilizam” a liberação das atividades de um estabelecimento? Cadê a coragem profética de denunciar essas práticas que só visam o lucro? E não estou falando dos seguranças, que fecharam as portas com medo da gurizada sair sem pagar o ingresso. Mais gananciosos são os membros do cartel do entretenimento, para os quais não importam as pessoas, mas o que elas estão dispostas a pagar por diversão. Esses criam necessidades, determinam o que realmente é divertido, não nos dando a chance de decidirmos o que realmente queremos. Mais uma vez... são outros os que decidem por nós. Até quando?

Não chora, meu amor! Ou melhor, se vai chorar, saiba que estou aqui, solidário ao seu sofrimento. Agradeço por abrir meus olhos. Se ninguém mais quiser denunciar as maldades dessa sociedade corrupta e hipócrita, falemos nós! Um dia, alguém nos escutará!