sábado, 29 de agosto de 2015

GRITO DOS EXCLUÍDOS 2015

Que País é este... (o sentido do Gríto dos/as Excluídos/as).
O Grito dos/as Excluídos/as tem sua origem no seio da igreja católica, pastorais sociais e movimentos populares a partir da Semana Social Brasileira, desde 1995. Em sua essência é uma organização que nasce para dar voz aos excluídos, marginalizados, oprimidos da sociedade. Acontece na semana da Pátria, 7 de setembro, uma data propícia para refletir e discutir o Brasil. Afinal, somos independentes de quê e de quem? Os desfiles de militares, carros de guerra e cavalos nos representam? 
Diz a Canção de Legião Urbana, "Que País é este? Nas favelas, no senado, sujeira pra todo lado. Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação”. Vivemos um cenário de um País em crise política, sobretudo em crise ética, de princípios e valores humanos. "Um país que crianças elimina, que não ouve o clamor dos esquecidos, onde nunca os humildes são ouvidos. (...) Mas corruptos têm voz e vez e bis”, assim canta Zé Ramalho.
Assistimos as correlações de poder e interesses pessoais sobrepondo aos direitos sociais. A vida não ganha o primeiro lugar quando o capital é prioridade nas relações. Quando se escolhe expulsar os camponeses para plantar milho e soja transgênicos. Quando se coloca nas mesas produtos regados com agrotóxicos. Quando se reduz direitos de trabalhadores e precariza o trabalho humano. Encarcera-se em massa os pobres e jovens. Mata-se os jovens pobres, negros e periferia.
Para tanto, nos sentimos inquietos e, destaca o Papa Francisco (discurso com os movimentos populares – Bolívia):
Em primeiro lugar,comecemos por reconhecer que precisamos duma mudança.
- Reconhecemos nós, de verdade, que as coisas não andam bem num mundo onde há tantos camponeses sem terra, tantas famílias sem tecto, tantos trabalhadores sem direitos, tantas pessoas feridas na sua dignidade?
- Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando explodem tantas guerras sem sentido e a violência fratricida se apodera até dos nossos bairros? Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando o solo, a água, o ar e todos os seres da criação estão sob ameaça constante?
Então, se reconhecemos isto, digamo-lo sem medo: Precisamos e queremos uma mudança.
Reconhecemos nós que este sistema impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na destruição da natureza?
Se isso é assim – insisto – digamo-lo sem medo: Queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos....
...Que mata gente, (o que lembramos/vimos em nossas comunidades/periferias?)
No sufoco da morte gritamos, e os clamores do povo há de chegar a Deus (Êxodo 3, 7-10). O grito dos excluídos é um espaço de profecia, de denuncia e anúncio.
Que País é este, que mata gente sem perguntar o nome e o endereço? Vamos aos fatos:
  • Dados do Mapa da Violência 2015mostra que: de 1980 e 2012 a população teve um crescimento em torno de 61%, as mortes matadas por arma de fogo cresceram 387%, mas entre os jovens esse percentual foi superior a 460%.
  • Assistimos ao encarceramento em massa: mais de 600 mil de Presos no Brasil. Se considerarmos os que estão em prisão domiciliar, chegaremosamais de 700 mil, segundo dados da Conselho Nacional de Justiça. Ou seja, nos últimos 25 anos o encarceramento no Brasil cresceu aproximadamente 575% (em 1990 eram 90 mil presos). O Brasil é a 4ª maior população carcerária do mundo. Destacamos a situação das mulheres:
36.135 mulheres estão presas no Brasil (22.666 é a capacidade do sistema).
3.478 funcionários monitoram toda essa população
647 estão presas em locais inadequados, como delegacias e cadeias públicas
54% identificam-se como negras ou pardas
747 são estrangeiras
67% não completaram o ensino médio
60% não têm parceiro em relação estável
60% respondem por tráfico de drogas
6% respondem por crimes violentos contra pessoas
345 crianças vivem no sistema penitenciário brasileiro hoje
4 a 8 anos é a média das penas cumpridas
18 a 24 é a faixa etária mais comum
é o número de rebeliões em todas as 80 penitenciárias femininas em 2013.
  • OsJovens negros e de periferia são as principais vítimas do narcotráfico e assassinatos, um verdadeiro extermínio de jovens. (Aproximadamente 600 mil pessoas assassinadas na ultima década, sua maioria são jovens).
  • ARedução da Maioridade penal tornou-se um projeto de ódio, e moeda de troca na disputa de poder. Mais uma vez, os direitos, a vida e a liberdade são negociados pelo poder-capital. O projeto de Lei 171 que já está no Senado para votação mostra o regresso da política brasileira em relação ao cumprimento do ECA.
  • A atuação truculenta, violenta, corrupta da polícia nas periferias, ceifam vidas de mães, pais e jovens. Dados apontam que o Brasilteve mais de 2,5 mil mortescausadas pela polícia em 2014 (isso é o que ficou registrado, mas sabe-se que esse numero é muito maior).
  • Ausência/precarização de políticas publicas: educação, saúde, lazer, trabalho digno, etc). Se constitui na verdadeira violação de direitos humanos – que gera a violência.
  • Criminalização/repressão da pobreza, movimentos populares (no campo e na cidade).Lideranças populares continuam sendo assassinadas todos os anos, e os assassinos (e mandantes) continuam impune.
  • A opressão (e matança) de indígenas, camponeses, pescadores, quilombolas, ribeirinhos. Os mega projetos, a industrialização, continuam a crescer massacrando as comunidades e povos tradicionais.
... Que a mídia mente
  • Quando vemos a mídia em nossos bairros pobres? (a maioria ou sempre em casos de violência).
  • Quando e como gostaríamos de ver a mídia em nossos bairros e periferias?
ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE A MÍDIA:
  • 83% dos jovens usam a TV como meio para se informar sobre o Brasil e mundo. 56% internet.
  • ATV aberta permanece como veículo mais acessado pela população, alcançando 19 em cada 20 brasileiros/as (94%), assistida diariamente por cerca de 4 em cada 5 pessoas. É fonte de informação para 88% das pessoas.
  • Orádio é o segundo meio mais acessado (79%), ouvido diariamente por pouco mais da metade da população (55%).
  • A internet já divide com os jornais impressos a terceira colocação (ambos com 43%). A internet ultrapassa o jornal como meio habitual para se informar sobre o Brasil e o mundo, assim como a conversa com familiares, amigos e colegas. (Dados Pesquisa Perseu Abramo – Democratização da mídia 2013).
  • O canal de televisão mais assistido é a Rede Globo (69,8%). Na sequência, a rede Record (13,0%), seguido por O SBT (4,7%) e a Bandeirantes (2,9%). Conteudo avaliado como mais relevante: telejornais (64,6%) e novela (16,4%).
  • VEJA é uma das revistas mais lidas (entre o que leem revista impressa).
  • A "comunicação”no Brasil é altamente concentrada nas mãos de poucos. Ausência de transparência. A mídia não é tema (0,1%)
  • Menos de dez famílias-empresas controlam 70% da mídia no Brasil.
  • Três têm maior peso: a família Marinho (Rede Globo) tem 38,7%do mercado, o bispo da Igreja Universal Edir Macedo (maior acionista da Rede Record), tem 16,2% e Silvio Santos (SBT) 13,4%.
  • Concentração regional: Das 33 redes de TV identificadas no País, 24 delas estão sediadas em São Paulo.
  • Qual é o cenário midiático no Paraná? Conglomerados de mídia/Propriedade Cruzada
  • Rede Paranaense de Comunicação – GRPCOM – 55 veículos(98 FM, Gazeta do Povo, Jornal de Londrina, TV Paranaense).
  • Rede Identendente de Comunicação - RIC 53 veículos (Jovem Pan, RIC TV).
  • Grupo Massa – 51 veículos (Massa FM, TV Iguaçu).
  • Políticos proprietários de mídias: PR – 4º estado: 23 políticos (perde para BA, MG, SP). Maior parte DEM, PSDB e PMDB.
  • No estado PR: Ratinho Júnior- proprietário Rede Massa.
(Fonte: Donos da mídia).
É preciso democratizar os meios de comunicação. Existe um Projeto de Lei de Iniciativa Popular lançado em 1º de maio de 2014. É preciso coletar 1,3 milhão de assinaturas.http://www.paraexpressaraliberdade.org.br/
... Nos consome! (por que nos consome?).
  • Um estado que faz opção pelos ricos, pelo capital.
  • Atropela/massacra nossos valores, a dignidade humana, a justiça...nos tira a paz.
  • Nos impõe um modelo de vida consumista.
  • Mata a essência da política: é urgente uma reforma política!
  • Concentra a renda nas mãos dos mais ricos: "10% mais ricos detém de 42% das riquezas do País”.
  • Consomem as comunidades tradicionais, as periferias, os movimentos de resistência!
Um outro mundo é possível
Que posso fazer eu, recolhedor de papelão, catador de lixo, limpador, reciclador, frente a tantos problemas, se mal ganho para comer? Que posso fazer eu, artesão, vendedor ambulante, carregador, trabalhador irregular, se não tenho sequer direitos laborais? Que posso fazer eu, camponesa, indígena, pescador que dificilmente consigo resistir à propagação das grandes corporações? Que posso fazer eu, a partir da minha comunidade, do meu barraco, da minha povoação, da minha favela, quando sou diariamente discriminado e marginalizado? Que pode fazer aquele estudante, aquele jovem, aquele militante, aquele missionário que atravessa as favelas e os paradeiros com o coração cheio de sonhos, mas quase sem nenhuma solução para os seus problemas? Podem fazer muito. Vós, os mais humildes, os explorados, os pobres e excluídos, podeis e fazeis muito. Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas vossas mãos, na vossa capacidade de vos organizar e promover alternativas criativas na busca diária dos três "T” – entendido? - (trabalho, teto, terra), e também na vossa participação como protagonistas nos grandes processos de mudança, mudanças nacionais, mudanças regionais e mudanças mundiais. Não se acanhem!(Papa Francisco – Discurso aos movimentos populares do mundo – Bolívia/2015).
http://www.adital.com.br/?n=cwjx

Bíblia e Juventudes: intolerância religiosa

Dia 23 de agosto de 2015 nos reunimos no Parque Moscoso, Vitória-ES, para mais um Encontro Bíblia e Juventudes. O tema dessa vez foi Intolerância Religiosa.

Verificamos que ainda temos muito a avançar no diálogo, nas mobilizações, para alcançarmos uma sociedade que respeite e não demonize as denominações religiosas, especialmente as minoritárias.

Com pequenos gestos as Juventudes, juntos com os adultos, se propõem a traçar esse caminho, que é o desejado por Jesus.