sábado, 26 de março de 2011

O mundo do trabalho e trabalho no mundo jovem

"Não trabalhem pelo alimento que estraga, trabalhem pelo alimento que dura para a vida eterna” (Jo 6,27)

            Vivemos num mundo marcado por muitas transformações, uma delas diz respeito ao mundo do trabalho. Estamos acostumados a ouvir nossos pais nos falarem sobre o tempo em que trabalhavam no pesado desde cedo, de suas angustias, de seus sofrimentos, mas principalmente o saudosismo de que aquele determinado trabalho o deu dignidade de vida. Junto a isso temos uma realidade pertinente nos dias de hoje, vemos a remuneração que muitas vezes não é compatível com a atividade realizada e ainda o trabalho considerado desvalorizado dos jovens e das mulheres, estes que não são levados em conta nas discussões e nos acordos salariais.
O mundo do trabalho é um gigantesco leque de oportunidades e opções que cada um vai abrindo diariamente, fazendo opções, buscando aprendizado, gerando renda e até mesmo encontrando-se na sociedade. Dessa forma estamos em constante caminhar por esse mundo, pois, somos seres incompletos, portanto sempre em construção, de vida de caminhos, de modos de sobreviver e obter renda. Isso se reflete diretamente nas opções de estudos que vamos fazendo, são cursos técnicos, cursos profissionalizantes, graduações, pós-graduações, especializações, enfim uma grandiosidade de oportunidades que se apresentam, seja no campo ou na cidade. Essas opções exigem de nós sonhos, utopia, muito empenho, assiduidade e fé, visto que desta forma superando obstáculos, vencendo resistências internas podemos almejar a realização do sonho.
            Existem diversas formas de trabalho. Temos o trabalho escravo, no qual as pessoas são obrigadas a permanecer, muitas vezes, em condições subumanas, realizando atividades insalubres e, o pior, é criando cada vez mais dividas com seu empregador, impossibilitando-se de sair. Existe o trabalho alienado, onde as pessoas realizam suas atividades sem entender o contexto no qual está inserido e nem se percebem enquanto sujeitos na atividade que realizam. Estão tão enraizados no sistema capitalista que não se percebem, apenas trabalham para pagar suas dívidas ou conseguir acumular mais dinheiro.
Temos o trabalho que dignifica a pessoa, aquele em o individuo está satisfeito com o que faz, percebe-se como sujeito e, principalmente, torna-se protagonista da atividade que está realizando. Neste jeito de trabalhar, a pessoa sente-se estimulada a criar, desenvolve suas potencialidades, vê seus direitos respeitados, sente-se capaz de trabalhar bem e conseguir progredir, dando sentido a sua vida.
            Toda essa teia, diretamente interligada, é o que podemos chamar de trabalho no mundo. Existe uma cadeia na qual todos nós, desde o ofice-boy, o camponês, o atendente, o pedreiro, o motorista, o professor, o medico, o empresário, estamos inseridos. Lembro-me de um grito de guerra que diz “se o povo da roça não planta o da cidade não janta”. Isso serve para exemplificar e afirmar que estamos, sim, numa grande cadeia e precisamos nos perceber enquanto tal.
            Se nos consideramos nessa cadeia, não podemos deixar que ocorram desigualdades salariais, de condições de trabalho, de instrução. Enfim, não podemos aceitar que alguns trabalhadores ganhem salários exorbitantes e outros ganhem pouco. Seja em grandes empresas, seja em grupos de economia solidária, seja como autônomos, devemos buscar sempre sermos protagonistas do trabalho que realizamos. Precisamos também estimular e participar de iniciativas de organização trabalhista para construirmos de um jeito democrático novas formas de trabalho e de geração de renda.


Gilberto Oliari
Licenciado em Filosofia – UNOCHAPECÓ, graduando em Ciências da Religião – UNOCHAPECÓ, E-mail gilbertooliari@hotmail.com

2 comentários:

  1. Ótimo texto Sr. Gilberto.
    Realmente quando trabalhamos em um
    lugar onde nos satisfazemos, onde nos sentimos
    uteis, realmente melhoramos como pessoa e
    consequentemente melhoramos o meio em que vivemos
    e agimos.

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  2. Não podemos esquecer que precisamos trabalhar até um ponto onde ainda possamos viver, sentir, não podemos deixar que a monotonia do trabalho leve de nós, a sensibilidade de sentir a vida, muitas vezes passamos mais tempo pensando em como ganhar mais dinheiro e esquecemos de viver e sentir a vida, nossa familia, devemos sim trabalhar na mesma intensidade que vivemos.

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