Sidneia Imaculada Oliveira
CEBI-ES
Ora, transformar é ir além da forma, isto é, do que é imposto. Fazer
reforma política, neste caso, é buscar algo além do que já foi tentado. Mas
começar por onde? Ouvindo o rumor das ruas (uma verdadeira Torre de Babel),
talvez o único consenso tenha sido a insatisfação com os nossos governantes.
Coxinhas, black blocks, anonymous, comunas infiltrados, todos os grupos optaram
por desqualificar as pautas alheias para legitimar as suas, muitas vezes se esquecendo
até do que os levava aos mesmos espaços públicos, ou seja, quem era o inimigo
comum. Esse cenário dificultou – e muito – a definição do ponto de partida.
Finalizando, resta o apelo de Paulo, dirigido
aos romanos (e romanas?), mas igualmente válido para nossos dias: “Não se conformem com este mundo, mas
transformem-se, renovando suas mentes, a fim de poderem discernir qual é a
vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito” (essa iluminação
bíblica, aliás, não seria uma boa resposta para o que se deve transformar?).
Não basta exigirmos políticos melhores se não formos pessoas perfeitas como o
Pai. É hipocrisia falar de injustiça quando nossa prática é injusta. Busquemos,
sim, uma reforma política. Mas que ela seja centrada na busca de um novo modelo
de sociedade, inclusivo, solidário, justo e humano. Só assim saciaremos
(lembram-se: deem-lhes vocês mesmos de comer?) aquelas e aqueles que têm fome e
sede de justiça.